Há daquelas provas de que gostamos com naturalidade!
Não temos de aprender a gostar como de alguns sabores ou
alguns vinhos!
Esta analogia por vinhos vem apenas porque me veio à
lembrança uma conversa de um colega “bom entendedor de vinhos” que alegava que
a diferença entre os vinhos do Douro e o do Alentejo é que destes últimos era
fácil gostar mas que dos vinhos do Douro era preciso aprender a gostar!
Samuel(Foto: Jotapê) |
Grande história! Acho que as primeiras impressões são as
mais genuínas, o que é bom é bom e o que à primeira vista não presta,
geralmente acaba por não ser grande coisa!
O Trail de Conímbriga Terras de Sicó, organizado pela
Associação o Mundo da Corrida, trata-se de uma prova de corrida por trilhos e
estradões, em que as coisas são bem planeadas, sem grandes invenções, sem
aventuras do tipo “treino de comandos” ou “boot camp” como está muito na moda,
com dureza sim quanto baste, alguns trilhos mais técnicos, mas que permite também
desfrutar do contacto com a natureza ao longo de todo o percurso.
Paulo Amaro (Foto: Jotapê) |
Esta foi a minha quarta participação nesta prova, tendo
iniciado em 2013 com a prova de 25k e as restantes três na distância de 52k.
No ano passado tinha cometido alguns erros na gestão do
ritmo, alimentação e hidratação, o que originara que a cerca de 38k de prova
tivesse tido sérios problemas com cãibras. A parte final foi um horror,
tendo-me deixado no entanto, alguns ensinamentos para o futuro.
Paulo Oliveira (Foto: Jotapê) |
Assim, fui em 2018 já
mentalizado de que tinha de controlar o ritmo ao início, comer e beber alguma
coisa ao fim de uma hora de prova mesmo que não apetecesse e, repetir esse
ritual de meia em meia hora até final.
Outro cuidado que tive agora foi o de, ao longo de um mês
antes da prova, fazer um suplemento de magnésio, algo que já vem sendo hábito na
preparação das maratonas de estrada.
Todo este planeamento não chegou para chegar em primeiro
lugar J
mas, permitiu fazer os 52k (53k no meu GPS) sem problemas físicos e, acima de
tudo, passar um dia extremamente agradável!
A equipa esteve representada por três atletas, o Samuel
Oliveira, o Paulo Amaro e eu próprio, Paulo Oliveira.
L'Equipe, com o colega José Leal. Nas provas ferroviárias de atletismo somos todos da equipa BTTrain de Coimbra |
A táctica foi a do costume, quem tiver pernas para tal corre
mais depressa, vai à frente e geralmente, termina primeiro ☺
Este ano a distância de 52k teve uma novidade no percurso,
deixando de ser uma prova circular (início e fim no mesmo local) sendo os
atletas levados de autocarro para um ponto distante, sendo a prova efectuada desde esse ponto até à meta, em Condeixa-a-Nova.
Acho muito interessante este conceito de corridas em linha,
havendo apenas como pontos negativos a viagem inicial de autocarro, bem como o
tempo de antecipação necessário para esta logística.
Os "Irmãos Metralha" |
Esta necessária antecipação horária conjugada com o ADN tuga
provoca geralmente disparate, uma vez que não há grande tradição de cumprir
horários neste jardim à beira mar plantado.
De facto,
verificou-se um atraso de cerca de meia hora à partida, apenas justificado por
alguns espertinhos chegarem a Condeixa à última da hora, esquecendo-se que
havia ainda que fazer cerca de 50 quilómetros de autocarro até ao local da
partida.
Parte inicial da prova |
A organização querendo talvez ser “uns gajos porreiros”
decidiram beneficiar os “baldas de última hora” e castigar quem se preocupou em
chegar a horas, cumprindo assim com o regulamento.
Resultado: um pelotão à espera durante meia hora, com um
frio de fazer bater o dente, aguardando a chegada dos “baldas de última hora”
quentinhos e confortáveis nos seus autocarros!
Bom, de qualquer modo lá se iniciou a corrida no lugar de
Ramalhais de Cima, com umas condições atmosféricas excelente, sol e temperatura
baixa, fazendo desde logo esquecer os contratempos iniciais.
Um dos estradões iniciais |
Rolava-se bem, por caminhos largos e mais ou menos planos,
até que, no terceiro quilómetro, apanhamos a primeira “parede”!
São cerca de mil metros a subir em single-track, com uma
inclinação fortíssima.
Em boa verdade, acaba por ser a subida mais complicada de
toda a prova!
No topo do primeiro monte (Foto: Jotapê) |
Os caminhos vão-se sucedendo uns aos outros, sempre em ritmo
rolante, um ou outro single-track, sem dificuldade de maior.
Passamos então numa zona peculiar chamada “Vale do Poio” ou,
“Canhão do Poio”, zona com conhecida para a prática da Escalada onde cruzamos
com vários praticantes da modalidade.
No Canhão de Vale de Poios (Foto: Jotapê)
Na maioria dos lugares onde passamos há um posto de
abastecimento, cuja qualidade e variedade vai do mínimo indispensável até ao
superlativo, com comida quente e tudo!
É uma das características desta prova, o envolvimento das
populações ao longo do percurso, tornando assim um verdadeiro cartão-de-visita
para a região da Serra de Sicó.
Paulo Amaro (Foto: Prozis) |
A parte final da prova tem um dos trilhos menos benquistos
pelos atletas, chamado Trilho da Cascata, isto devido à sua exigência técnica e
pelo cansaço já instalado em todos os atletas.
Finalmente chegamos às ruínas de Conímbriga e dois
quilómetros à frente está a meta em Codeixa-a-Nova.
Um "berdadeiro" adepto do trail saudando a passagem dos atletas |
Uma referência aos atletas dos 111k, que a partir de um
certo ponto partilham o mesmo percurso com os atletas dos 52k.
Estes “peregrinos” tinham iniciado a prova à meia-noite
tendo já em cima uma valente dose quando começamos a passar por eles.
Quanto à classificação da “equipa” ficou assim distribuída, em 306 atletas chegados à meta:
Paulo Amaro – 88º lugar com o tempo de 06:55:16
Paulo Oliveira – 151º lugar com o tempo de 07:31:32
Samuel Oliveira – 152º lugar com o tempo de 07:34:27
O Samuel controlando o tempo na meta |
E eu, a comemorar ter chegado inteiro ao fim 😃 |
Bela prova e belo dia. As mesmas conclusões que eu :) Cheguei ao mesmo tempo do Paulo Amaro! Mas acho que não o reconheci. Um abraço
ResponderExcluirFizeste também uma excelente prova (embora umas carruagens mais à frente :))! Um abraço
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