Chegou finalmente o dia 26 de Janeiro de 2013, o dia marcado
para os Trilhos dos Abutres, uma das referências do Trail Running nacional.
Tinha fixado como objectivo, com o colega de corridas Paulo A., participar nesta prova, devendo estar para isso atentos à abertura
das inscrições, pois já se sabia que com o nível de afluência de candidatos iam
esgotar rapidamente as todas as versões da mesma, i.e., Ultra de 45k, Trilhos
de 20k e caminhadas. Assim, logo nos primeiros dias tratámo-nos de inscrever não
fosse tarde de mais. E em bom tempo foi, porque as vagas esgotaram-se todas em
tempo record!!!
Como seria de esperar de recém chegados ao mundo dos trails
e cheios de entusiasmo, inscrevemo-nos no Ultra Trail, porque, ou se é Ultra,
ou não se é Ultra!! E o melhor é entrar de cabeça antes de ter-mos consciência
do grau de dificuldade da empreitada!!
A zona também é muito do meu agrado, desde os tempos em que
se iam ver etapas do Rally de Portugal para as serras da Lousã, Arganil, etc.
Quero apenas deixar um lamento ao fim do ramal ferroviário
da Lousã, que passava por Miranda do Corvo, Lousã e termina em Serpins. Gostava imenso daquela
linha e, como ferroviário há já 20 anos, tenho um genuíno desgosto quando se
encerram linhas ferroviárias, sobretudo as que tinham uma enorme afluência de
passageiros como este Ramal da Lousã. Não se entende…
Bom, voltando ao que agora interessa, chegámos a Miranda do
Corvo cerca das 7 da manhã, a fim de tratar das formalidades, que neste caso
incluíam as verificações ao material obrigatório, que além de outras coisas
incluía uma luz frontal! Devia ter suspeitado de que não ia ser “pera doce”,
porque para uma prova com início às 8h30 da manhã, não fazia sentido ser tão
exigente com luz frontal!!
Perfil de elevação da prova |
O entusiasmo era enorme e sentia-se no ar um ambiente de
de festa e excitação!
Chegou então a hora da partida e, lá fomos todos à nossa corrida,
que se iria prolongar por várias horas...
Partida - 8h39 da manhã |
Parque Biológico da Serra da Lousã / Quinta da Paiva |
1º engarrafamento ao km 1 |
Passado pouco iniciam-se as subidas dignas desse nome,
trilhos muito técnicos junto a ribeiras, com declives muito acentuados, muita
lama, muita água, obrigando a uma progressão muito lenta.
Escalada difícil; uma constante ao longo da prova |
Deste ponto em diante o registo será sempre o mesmo, i.e.,
água, lama, declives vertiginosos, escorreganços, quedas frequentes,
ocasionalmente possibilidade para correr, ….
O cenário é de sonho, floresta densa, cursos de água por
todo o lado, cascatas, atravessamentos de ribeiras agarrados a cordas ou
correntes, é necessária muita atenção aonde se põem os pés porque a mínima
falha pode originar uma queda perigosa,
enfim… esta será uma constante ao longo de toda a prova.
Escalada com auxílio de correntes;em outros locais estavam instaladas cordas para o mesmo efeito |
Uma das muitas ribeiras por onde passava o trilho |
Houve também estradões florestais, corta fogos a subir ou a
descer, com ultra inclinações de cortar a respiração…
Tudo OK! |
A organização esteve impecável em todos os aspectos,
assistência, vigilância, abastecimentos, sinalização, etc., muitos parabéns!
Mais um trilho de água e lama... |
Mais do mesmo... |
Finalmente no topo da montanha pela 1ª vez... |
Novamente na água... |
O campeão Nuno Silva fez o mesmo percurso em 5 horas e 12
minutos!! (como è possível?? É preciso voar em certos sítios…).
3º abastecimento |
Local do 3º abastecimento ficando para trás... |
Muitos foram os que já terminaram de noite, o que não deve
ter sido nada fácil.
Uma avaliação global,… prova muito dura, sobretudo devido às
suas características técnicas, poderia ter sido ainda mais dura caso tivesse
chovido durante o evento, paisagem deslumbrante, organização superlativa, prova
não adequada a atletas com pouca preparação, sendo necessário uma boa dose de
ousadia para ultrapassar os obstáculos. Pessoalmente, não arrisco por aí além, daí
perder tempo em zonas muito técnicas (tradução: tenho amor ao cabedal…)
Uma das muitas cascatas que passámos |
Boas corridas!
Para a posteridade... |
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