terça-feira, 3 de setembro de 2013

Ainda a propósito dos moinhos de Penacova...




Em 27 de Setembro de 1810 deu-se nestas paragens uma das mais sangrentas batalhas da nossa história.

Moinhos de Penacova
Foi durante a terceira invasão napoleónica!

A primeira invasão tinha sido pela Beira Baixa, chegando sem dificuldade à capital portuguesa, provocando a fuga da corte para o Brasil.

Depois tentaram pelo Minho, vieram até ao Porto, mas foram repelidos.

Por fim, Napoleão enviou o seu marechal preferido, André Masséna, “L’enfant chery de la victoire”,  a fim de colocar um ponto final na guerra peninsular.

O exército de Napoleão, comandado pelo marechal André Masséna, entrou em Portugal, sitiando e tomando Almeida, após a explosão de um paiol da cidade.

O numeroso exército francês de 65.000 homens, após tomar Almeida, desceu pela Beira Alta, praticamente sem resistência por parte das tropas anglo-lusitanas, à parte de algumas escaramuças com as tropas inglesas de Crawford, chegando a 24-25 de Setembro à vila de Mortágua.

Sendo o objectivo final Lisboa, havia que chegar a Coimbra o mais rápido possível, tendo no entanto que atravessar a serra do Buçaco onde, o exército inglês ajudado pelos portugueses, já tinha montado as linhas defensivas. A alternativa seria contornar a serra pelo lado norte, o que faria atrasar a marcha em alguns dias.

A partir de Mortágua, Massena estabeleceu um posto de comando avançado no sopé da serra do Buçaco, num moinho ainda hoje existente no lugar de Moura, a fim de orientar o ataque às linhas anglo-lusitanas.

20 Dezembro de 2003, Posto de comando do Marechal Masséna
 
 
 
O comando do exército anglo-lusitano estava a cargo do general Arthur Wellesley, mais tarde duque de Wellington, que aproveitando as características defensivas naturais do Buçaco, ali montou a defesa, a fim de retardar ao máximo o avanço dos franceses.

O seu posto de comando foi montado num moinho no lugar de Sula.



20 Dezembro de 2003, Posto de Comando do general Wellesley (Wellington)
O confronto deu-se ao nascer do dia 27 de Setembro dizimando 5.000 franceses e cerca de 1.500 ingleses e portugueses.

Após concluírem que era impossível transpor aquela barreira defensiva, os franceses recuaram a Mortágua e contornaram o Buçaco por noroeste, pela estrada de Boialvo até Avelãs de Caminho, onde tomaram a Estrada Real (actual EN1) para Coimbra. Quando se aperceberam da manobra, as tropas anglo-lusitanas debandaram precipitadamente para a Costa de Lavos onde embarcaram em navios, a fim de ir guarnecer as linhas defensivas de Torres Vedras, onde se dariam os confrontos finais, antes de os exércitos franceses desistirem definitivamente de conquistar Portugal.

Faz agora 10 anos que eu, o Samuel e o Paulo Amaro, fomos fazer uma volta de Btt com o objectivo de visitar todos os lugares referenciados da batalha do Buçaco.

Após algum trabalho de investigação, de mapas nas mãos, corremos toda aquela zona com particular destaque para as visitas aos moinhos, que tinham servido como postos de comando há quase duzentos anos atrás.

Neste último fim-de-semana, na Corrida dos Moinhos de Penacova, à passagem pelos segundos moinhos, pareceu-me que seriam os mesmos que tínhamos visitado em 2003, mas como não conheço assim tão bem a zona, tive de confirmar o track do Garmin no Google Earth, chegando à conclusão de que realmente eram os mesmos. Fantástico!




Samuel e Paulo

Eu em versão XL,  e o Paulo Amaro

Este conjunto de moinhos fica no extremo sueste da serra do Buçaco, portanto o lado oposto onde se deram os principais ataques franceses.

Fica a sugestão para quem gosta de História e de Btt ou de corrida, de uma oportunidade para um dia fantástico à descoberta destes lugares que fazem parte da nossa história!

Boa semana!

7 comentários:

  1. Obrigado por este bocadinho de história interessante.
    Abraço

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    1. Ora essa! É sempre um prazer "falar" daquilo que gostamos!
      Um abraço

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  2. Muito bom Paulo.
    Lembro-me perfeitamente dessa volta , da carta militar e do frio que estava...
    Como o tempo passa.

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    1. Eh! eh!...Estamos a ficar um bocado cotas! Tenho ideia que quando rapámos um frio do c., foi em Dezembro de 2002, também naquela zona, num dia de chuva! Bom, não sei...

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    2. Tens razão ! Mas para eu ter o boné debaixo do casco, era porque também não estava nada agradável.
      Mas as subidinhas aqueciam-nos que era um instante :)

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