O Trail do Almonda corre-se
pela Serra de Aire, na zona de Torres Novas.
Este ano foi a sua 5ª edição, tornando-a numa das provas veteranas
deste tipo (não contando com as chamadas corridas
de montanha que vêm dos anos 80).
A base de operações do evento tem sido em lugares do
concelho de Torres Novas, mais próximos do sopé da serra, tendo sido no lugar
de Vale da Serra em 2012 e este ano, no centro escolar do lugar de Pedrogão.
Refiro apenas estes dois anos uma vez que foi nas
respectivas edições que participei, juntamente com o Paulo Amaro.
Este ano a “Equipa” apresentou-se à luta, reforçada com o Sam.
Concentração antes do início da corrida |
O dia começou chuvoso. No período que antecedeu a partida,
chovia mesmo a sério; estávamos a colocar “as barbas de molho” para a possibilidade de passar umas
boas horas à chuva…
Partida, debaixo de chuva |
Dá-se a partida debaixo de chuva.
Uma boa quantidade de atletas permanece no abrigo da escola até
ao último momento. Alguns, apenas saem de lá, já após o "tiro" de
partida! Talvez ainda sonhassem fazer a prova sem molhar "o pêlo"...,azar..,
isso não iria mesmo ser possível...
Uma análise ao perfil de altimetria indicava que até aos 10 quilómetros,
não haveria grandes dificuldades. A subida da montanha propriamente dita, começaria
a partir dessa altura.
A "Matilha" seguia rápida pelos caminhos, trilhos e carreiros.
A chuva continuava a fazer companhia, todavia, era uma
companheira ligeira, amistosa e até agradável!
A temperatura estava amena.
A certa altura entramos em carreiros estreitos e sinuosos, característicos
do emparcelamento da zona.
Começam os condicionamentos típicos deste tipo de corridas,
que, na linguagem "moderna" se chama Trail.Paulo Amaro, 67º da Geral; 2h 56m 00s |
O cérebro vai processando informação a toda a velocidade.
A visão lê o terreno que tem pela frente, transmite ao
cortex cerebral, este analisa, toma decisão acerca do melhor local onde aterrar
o próximo pé, comunica ao sistema motor que operacionaliza as ordens recebidas.
Tudo isto faz lembrar um complexo sistema informatizado. Quem
tiver um processador mais lento está tramado!
O meu processador vai sempre no vermelho, na tentativa de
que toda informação flua por todo o circuito antes de tropeçar e cair partindo
o nariz contra um penedo de calcário!
Tenho pensado muito acerca das diferenças entre a corrida em
estrada e a corrida em trilhos. Por muito que prefira a natureza ao alcatrão,
os resultados obtidos têm sido precisamente o oposto."Sam" Oliveira, 154º da Geral; 3h 35m 17s |
Por estranho que pareça,
alcanço resultados em estrada, muito lisonjeiros até, para quem nunca correu
antes dos 40 anos. No entanto, em trilhos, a proeza é, chegar ao fim com os
ossos todos no sítio.
Nos trilhos, em certas alturas e, não obstante o que já aqui foi dito, vamos tendo tempo para pensar e até observar muitas coisas. Acontece quando
se vai em fila indiana, sem possibilidade de ultrapassar e, por vezes , até de
correr.
No Almonda há muito disso. Subidas intermináveis em
"Single track" onde se vai literalmente com os olhos nos pés do
atleta à nossa frente.
É quase normal identificar o artista da frente pelas sapatilhas
e não pela cara e, muito menos, pelo nome.
A certa altura pensamos: - Olha-me outra vez o marmanjo das
Trabuco lilazes!
Ou: - Pensava que este artolas das Raptor já se tinha ido
embora!
Ou ainda, esta sim, situação real desta prova: - Este sacana
das Asics ainda é pior que eu! Escorrega e tropeça em todas as pedras do caminho.
Não tarda, dá um trambolhão que até faz faísca…
Bom, se o camarada caiu, não sei. Mas durante o tempo em que
fui na pegada dele, cada metro era uma epopeia de escorregadelas, tropeções e
afins!
Com estas e outras peripécias atinge-se o último cume da montanha
e inicia-se a descida.
De novo com o sistema em alerta máximo, cada metro tem de
passar pelo fluxograma de análise-processamento-decisão-acção, onde não pode
haver lugar para falhas.
Por esta altura da corrida já tinha sido feita a selecção natural,
espaçando os atletas ao longo do percurso, pelo que, decorriam longos períodos
sem se ver ninguém.
No longo "single track" da descida do Vale Fojo,
seguia sozinho tentando não cair, mas também, tentando na medida do possível
manter a posição.
Ainda assim, por duas ou três vezes (ou mais, não sei...)
fui ultrapassado por "cavalos de corrida" mais adaptados àquele tipo
de perfil descendente.
Por fim, após o último abastecimento, apanha-se um estradão
durante dois ou três quilómetros, tendencialmente a descer, que nos levou
praticamente até à meta.
Paulo Oliveira, 126º da Geral: 3h 25m 15s |
No final, um duche nas instalações da escola onde estava
sedeada a prova e, um merecido repasto para quem optou por almoçar no local.
Pódio masculino |
Pódio feminino |
No campo das sugestões, apenas referir que pode haver alguma
margem de evolução no que respeita às classificações, uma vez que parece ter
havido uma enorme confusão neste aspecto.
“Despeço-me com amizade!” e boas corridas
(e boas férias
se for o caso!)
Muito bom...gostei desta tua posta. Estou como tu....na estrada ainda vou fazendo uns resultados "lisonjeiros", mas ali pelos trilhos a coisa muda de figura....a mim falta a técnica, a força muscular e muitas vezes a coragem de me "amandar" especialmente nas descidas :) ...mas queres saber? Não me importa nadinha de nada :)
ResponderExcluirParabéns por mais esta prova!
Grande abraço
Parece-me que a habilidade para "voar" nas descidas técnicas é inato. Ou se tem ou, não. É certo que, com treino podemos melhorar bastante, mas vejo certos indivíduos nas provas que de certeza têm o fusível do medo queimado. Só pode!
ExcluirAbraço
Parabéns Paulo! Não sei quantos atletas estavam em prova mas a julgar pelo tempo e para o percurso parece um resultado bastante lisonjeiro! Adorei a parte de identificar o artista da frente pelas sapatilhas, muito bom.
ResponderExcluirGrande abraço e boas corridas (e férias)!
Obrigado Rui, o Almonda é uma prova bastante interessante, se ainda não conheces, fazes bem em considerar numa próxima oportunidade!
ExcluirGrande Abraço
Nem sei bem como o cérebro processa tanta informação e se abstrai ao mesmo tempo... Pelo menos é essa a impressão com que fico destas provas, como se tivesse feito yoga mental. :)
ResponderExcluirGostava de ter conhecido este novo percurso do Almonda, a uma luz completamente diferente este ano!
Parabéns e boas corridas (e férias).
O Almonda deste ano foi giro, a chuva não comprometeu a diversão. Com calor já teria sido outra história. O percurso de 2014 foi semelhante ao dos anos anteriores mas em sentido inverso. Havias de ter gostado...
ResponderExcluirBeijinho e boas férias, quando for caso disso! ( Eu ja estou com os pés de molho :) )