Ferreira-a-Nova, freguesia do
concelho da Figueira da Foz.
Largo da aldeia, amplo, arejado.
À volta do largo estão todas
as "infra-estruturas" da freguesia, sede da junta, centro de saúde,
piscinas, capela, lar da terceira idade, cemitério,...
A zona, para quem não
conhece, é maioritariamente plana, fazendo a transição do Baixo Mondego para a Gândara,
sendo esta última, uma vasta zona de solo arenoso que vai até Mira e
Cantanhede.
Apesar da relativa planura
local, há um grupo de entusiastas da corrida que se dá pelo nome de
"Mountain Trails" e, foram estes que tiveram a bela ideia de organizar
o I Trilho de S. Tomé.
A simplicidade da prova conquistou os
participantes. A simpatia dos organizadores que, em boa verdade, parecem ter
contado com a colaboração de muita gente da terra, bem como, a dedicação com
que trabalharam, produziu uma prova bem simpática, sem complicações logísticas,
percurso bem marcado, paisagem agradável, etc.
O percurso divulgado poderia
induzir em erro quem não conhece a zona, uma vez que não apresentava um desnível
significativo. Podia até haver, e houve por alguns, a leitura de que iria ser
uma "quase-prova-de-estrada".
Não foi bem assim. Uma boa
parte do percurso foi em caminhos de areia solta o que, dificulta o avanço e
provoca um forte desgaste energético.
Estou mesmo em crer que este
tipo de terreno é tão duro como a montanha; é certo que não envolve a
"força bruta" que é necessária nas rampas de "4x4", mas o
esforço continuado, devido ao enterrar dos pés na areia, leva ao esgotamento precoce
das reservas de energia.
A partida deu-se pelas cinco
da tarde sob um sol escaldante. Os primeiros quilómetros todavia, correm-se em zonas
de pinhal, sempre à sombra.
A única rampa digna desse
nome surge aos sete quilómetros, mesmo assim com uma inclinação acessível para
correr, pelo menos para os mais bem preparados; obviamente fi-la a caminhar J.
Segue-se então viagem pelos
campos de arroz do Mondego, com o castelo de Montemor-o-Velho no horizonte.
Esta parte do percurso foi
pelo interior da Quinta de Foja.
Esta quinta remonta à fundação
da nacionalidade, tendo pertencido a ordens religiosas até ao século dezanove,
altura em que foi adquirida pela família Pinto Bastos, a quem ainda pertence (fonte:
Google).
Esta quinta deve ser das propriedades
particulares com maior área cultivável e de pinhal, do litoral-centro do
país.
As gerações mais antigas
conhecem-na bem. Nas épocas de sementeira e colheita, era o Ganha-Pão de muita
gente num raio de muitos quilómetros.
Cruzamos duas vezes o ramal ferroviário
da Figueira da Foz à Pampilhosa, agora desactivado e deixado ao abandono. Algo de
cortar a alma a um ferroviário que por lá passou inúmeras vezes em serviço e
não só. Sinal dos tempos, em que o alcatrão passou a ser sinal de progresso,
enquanto o transporte ferroviário ficou associado ao imaginário do Portugal de
antigamente. Pelo menos na mentalidade "novo-riquista" que se
instalou nos últimos 30 anos!
Na corrida, entretanto, tinha
alcançado um ritmo estável e controlado que permitia ir ganhando posições, uma após
outra.
O início não tinha sido
brilhante, tendo feito o primeiro quilómetro bem atrás no pelotão.
É bem verdade que o
aquecimento antes das provas é fundamental, mas não está fácil passá-lo à
prática. Afinal, já estava tanto calor...
Por fim, algumas peripécias.
O atravessamento de uma zona
pantanosa onde nos atolámos até aos joelhos, e depois, um engano no caminho,
para não variar!
A organização tinha
disponibilizado o Track da prova para
quem estivesse interessado. Como não pesa, tinha-o carregado no relógio, não
fosse o diabo tecê-las. Após sair do tal atoleiro vi que os atletas à minha
frente viravam todos à direita enquanto o relógio me indicava o caminho correcto
para a esquerda!
Fitas havia, em ambas as direcções.
Resolvi ir atrás da matilha. Uns metros mais à frente paramos todos, ao
constatar que tínhamos saído da rota. Seguimos um pouco pela estrada onde tínhamos
ido dar, na esperança de voltar a encontrar fitas. Voltei a consultar o relógio
e constatei que iríamos cruzar o caminho correcto um pouco mais adiante. Assim
foi. De novo em pelotão, agora com cerca de dez atletas, continuamos em frente.
Faltavam cerca de três quilómetros para o fim.
Ainda faltava um pequeno
brinde, uma passagem pelo leito de uma ribeira durante uma centena de metros,
para lavar as sapatilhas e refrescar os músculos!
Por fim a meta.
Ambiente de festa, até porque
esta prova estava inserida nas festa da terra e a base de operações estava no
centro do "arraial"( a banda que ia animar o baile da noite já fazia
os testes de som à aparelhagem...)
Apreciação final muito
positiva.
Organização muito boa, o quem
vem provar que não são necessários meios astronómicos e alta tecnologia para se
alcançar bons resultados. Basta dedicação e um pouco de "savoir-faire"
sendo que, a rapaziada que organizou esta prova é bem conhecedora do "trail"
nacional e sabe bem o que faz.
Campeão masculino, Marco
Marques do União de Tomar
Campeã feminina, Patrícia
Carreira dos Offtel Runners
Classificação da
"equipa" do PelaEstradaFora:
Paulo Oliveira: 2h 07m 22s,
15º da geral, 3º de escalão;
Paulo Amaro: 2h 12m 37s, 28º
da geral, 8º de escalão
A "Equipa" presente na prova |
Quinta de Foja |
Quinta de Foja - Abastecimento aos 14 km |
Quinta de Foja |
Quinta de Foja - Paulo Amaro. Foto: Mountain Trails |
Quinta de Foja - Paulo Oliveira. Foto: Mountain Trails |
Quinta de Foja |
Selfie "Twilight Zone" |
Pinhal "Twilight Zone" (condensação na lente do telemóvel :) ) |
Paulo Amaro |
Paulo Oliveira |
Pódio do escalão M40 - 3º Lugal para a equipa do PelaEstradaFora |
Troféus conquistados: uma taça de porcelana e um pacote de chá Lucia-lima |
Éeeee páaaaa.....Pódio e o caraças :)....muitos parabéns Paulo. Acho que ia gostar desta prova....aliás gosto muito deste tipo de organização, vá lá, assim mais simples/rudimentares, mas feitas por pessoas que sabem o que os atletas gostam...são mais puras, existem menos interesses instalados. Não é por acaso que as minhas Meias Maratonas preferidas são a de Cortegaça e Ovar :)
ResponderExcluirGrande abraço
Pois é Carlos! Tenho de preservar bem a memória deste pódio, pois não sei quando lá voltarei a pôr os pés!
ExcluirQuanto ao resto, estas provas de menor dimensão, mais parecem um treino de amigos, onde a diversão é garantida!
Diria mesmo que estas provas são uma lufada de ar fresco no panorama actual do trail, onde cada vez mais se vê a caça ao euro por parte de muitas organizações. Um abraço
Não ouvi falar desta prova, mas também gosto destas Organizações mais simples e menos concorridas. E parabéns! :)
ResponderExcluirBjs
PS: Para a próxima confiar no track no gps! Já se sabe que confiar nos atletas da frente nunca dá bom resultado ("perdi-me" duas vezes em Sintra por causa de seguir a matilha :D)
Obrigado!
ResponderExcluirPois...seguir a matilha pode não ser a melhor opção! Apesar de tudo isto ser "a feijões" ficamos sempre aborrecidos quando nos perdemos!
Quanto às organizações deste género, são um exemplo a seguir. Restringem-se ao essencial da corrida, dando aos participantes o que estes esperam encontrar, dispensando o supérfluo que na maior parte das vezes só complica. Bjs
Pelas fotos a zona é muito gira, o pior deve ser a areia, gosto tanto de correr em areia como correr com vento de frente e chuva, tudo ao mesmo tempo!
ResponderExcluirE...pódio, é só para atletas de elite!
Um abraço.
Pois..., a areia não é das melhores superfícies para correr. Além da dificuldade na progressão, há o problema da infiltração para o interior dos sapatos, onde começa a ocupar o espaço necessário para os pés. Nesta corrida fiquei com duas unhas bem negras à conta disso!
ExcluirQuanto ao pódio, tenho de preservar a lembrança, uma vez que dificilmente voltarei a repetir a façanha :) Um abraço