Setúbal, Domingo 25 de Junho, 4:40 da madrugada, toca o
despertador, dando início à epopeia que nos levaria às areias de Melides e Tróia.
Com as “tralhas” arrumadas de véspera, lava-se a cara com
água fria, penteia-se o cabelo com um pouco de gel para assentar e, ruma-se ao
cais dos catamarans, que nos levarão à península de Tróia.
Estou nesta aventura com o colega de equipa Paulo Amaro e no
catamaran encontramos o colega Armando Cruz que também vai correr a Ultra
Maratona Atlântica.
Na verdade, é este colega o “culpado” de estarmos ali
àquelas impróprias horas!
Tudo começou numa manhã de Maio em que, como habitualmente,
fui tomar um cafezinho ao refeitório da empresa onde trabalhamos. Na conversa de
ocasião própria destas pausas, diz-me que estão abertas as inscrições para a
Ultra Maratona Atlântica, Melides Tróia, e que até era giro voltar a fazê-la,
uma vez que já a tinha feito há 27 anos, tinha gostado, blá blá blá, etc. e tal…
No final do café vai cada um à sua vida e aparentemente seria
mais uma conversa de ocasião sem consequências "graves".
Mais tarde, à hora de almoço, só por curiosidade, passo pela
página da prova ver o regulamento, espreito o Booking.com a ver a oferta
hoteleira em Setúbal naquela data, preços, etc., tudo muito casual…
Mais para o final da tarde telefono ao Paulo Amaro, tipo a
comentar que a prova é engraçada, embora por outro lado, tem uma logística
complicada, alguma despesa associada...
Tinha a secreta esperança de ouvir uma
resposta do tipo “– Esquece isso, há
outras provas por aí, etc. e tal…
Mas não! A resposta foi logo “– Bora lá, vamos nessa!”. E assim, ao final do dia já estava a ligar ao
Armando a dizer-lhe: “- Já me inscrevi, a culpa é tua, agora portanto, vê lá se
vais também!”
Assim, pelas 5:45 da madrugada estão estes “Três homens num
bote” a caminho de Tróia, onde apanham um autocarro até à praia de
Melides onde teria início a corrida!
Os três mosqueteiros na Praia de Melides |
A Ultra Maratona Atlântica, Melides Tróia, tem o seu início
portanto na praia de Melides, dirigindo-se para norte, sempre à beira-mar, terminando
na Praia do Bico das Lulas em Tróia.
A prova é feita em regime de auto suficiência, com excepção
de um litro de água dado a cada atleta ao km 14,5 na Praia do Pinheiro da Cruz
e ao km 28,5 na Praia da Comporta. Tudo o resto, cada um leva o que quer, não
podendo somente haver assistência externa sob risco de desclassificação.
Momentos antes da partida |
A prova é absolutamente plana, obviamente, todavia, correr
em areia é bastante distinto de correr em estrada ou em trilhos. O próprio tipo
de areia também faz muita diferença, uma vez que se esta for muito mole, que os
pés enterram-se e o esforço físico exigido é enorme.
A parte inicial da corrida era a mais temida, devido ao tipo
de areia, pouco compacta e perfil inclinado que obrigava a correr numa postura
desconfortável.
Fase inicial da corrida |
Passada essa fase, dizia o pessoal que já conhecia a prova de
edições anteriores, era como correr em Tartan, uma vez que o tipo de areia era
mais rijo e a superfície bastante mais plana.
De facto confirmou-se tudo, embora com a “zona inicial” a
prolongar-se até cerca dos 14 km, depois, uma zona ligeiramente menos difícil
até cerca dos 29 km, e finalmente, o tal Tartan quando já o desgaste era
enorme.
Algures na primeira metade da corrida |
Ainda assim foi melhor do que ter uma “zona inicial” até final ☺
Ao longo da corrida era bem visível a panóplia de
estratégias que cada um ia optando para tornar a tarefa menos difícil. Uns
corriam mais junto à água, tentando tirar partido da maior dureza da areia
nessa zona, outros seguiam nas pegadas dos da frente, talvez por nessas pegadas
a areia estar já pré-compactada, outros como eu próprio tentavam seguir por
areia lisa ainda não pisada, outros ainda, inexplicavelmente corriam pela zona
alta da praia, onde a areia é completamente seca e solta.
Confesso que, ao longo das 4h53m que por lá andei, experimentei
quase todas as estratégias possíveis e imaginárias, adaptando-me no entanto
melhor à opção que atrás referi.
Paulo Amaro |
Paulo Oliveira |
Este tipo de corrida não é muito fértil em peripécias, ao
contrário das corridas de trilhos, onde se pode apreciar uma enorme variedade
de fauna e paisagem, pode tropeçar-se numa pedra e cair feio, nos trilhos
podemo-nos ainda enganar numa encruzilhada e perdermo-nos completamente na
montanha (experiência própria), etc., etc..
Armando Cruz |
Num percurso junto à praia é praticamente impossível perdermo-nos.
Na última ocasião em que tal aconteceu, os portugueses “descobriram” o caminho
para a Índia!!!
Boas corridas
Ritmo da prova. Início lento e penoso, final mais fácil. (na maratona em estrada a curva do ritmo é ao contrário...) |
Quando é que abrem as inscrições para 2018? :)
ResponderExcluirVamos estar atentos! Grande atleta!
ExcluirEheh achaste mesmo que desse telefonema resultaria alguma coisa a não ser a vossa inscrição? :) muito bom tempo! paravens, agora venham lá essas peripécias nos trilhos
ResponderExcluirNunca mais aprendo! ☺ Um abraço
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