quarta-feira, 16 de julho de 2014

Trail do Almonda 2014


O Trail do Almonda corre-se pela Serra de Aire, na zona de Torres Novas.
Este ano foi a sua 5ª edição, tornando-a numa das provas veteranas deste tipo (não contando com as chamadas corridas de montanha que vêm dos anos 80).

A base de operações do evento tem sido em lugares do concelho de Torres Novas, mais próximos do sopé da serra, tendo sido no lugar de Vale da Serra em 2012 e este ano, no centro escolar do lugar de Pedrogão.
Refiro apenas estes dois anos uma vez que foi nas respectivas edições que participei, juntamente com o Paulo Amaro.

Este ano a “Equipa” apresentou-se à  luta, reforçada com o Sam.

Concentração antes do início da corrida
O dia começou chuvoso. No período que antecedeu a partida, chovia mesmo a sério; estávamos a colocar “as barbas de molho” para a possibilidade de passar umas boas horas à chuva…

Partida, debaixo de chuva
Dá-se a partida debaixo de chuva.
Uma boa quantidade de atletas permanece no abrigo da escola até ao último momento. Alguns, apenas saem de lá, já após o "tiro" de partida! Talvez ainda sonhassem fazer a prova sem molhar "o pêlo"...,azar.., isso não iria mesmo ser possível...

Uma análise ao perfil de altimetria indicava que até aos 10 quilómetros, não haveria grandes dificuldades. A subida da montanha propriamente dita, começaria a partir dessa altura.

A "Matilha" seguia rápida pelos caminhos, trilhos e carreiros.

A chuva continuava a fazer companhia, todavia, era uma companheira ligeira, amistosa e até agradável!
A temperatura estava amena.

A certa altura entramos em carreiros estreitos e sinuosos, característicos do emparcelamento da zona.
Começam os condicionamentos típicos deste tipo de corridas, que, na linguagem "moderna" se chama Trail.

Paulo Amaro, 67º da Geral; 2h 56m 00s
Já não se corre no sentido estrito do termo. Cada passada tem de ser estudada com cuidado, quando não, há queda pela certa.
O cérebro vai processando informação a toda a velocidade.

A visão lê o terreno que tem pela frente, transmite ao cortex cerebral, este analisa, toma decisão acerca do melhor local onde aterrar o próximo pé, comunica ao sistema motor que operacionaliza as ordens recebidas.
Tudo isto faz lembrar um complexo sistema informatizado. Quem tiver um processador mais lento está tramado!

O meu processador vai sempre no vermelho, na tentativa de que toda informação flua por todo o circuito antes de tropeçar e cair partindo o nariz contra um penedo de calcário!
Tenho pensado muito acerca das diferenças entre a corrida em estrada e a corrida em trilhos. Por muito que prefira a natureza ao alcatrão, os resultados obtidos têm sido precisamente o oposto.

"Sam" Oliveira, 154º da Geral; 3h 35m 17s
 Por estranho que pareça, alcanço resultados em estrada, muito lisonjeiros até, para quem nunca correu antes dos 40 anos. No entanto, em trilhos, a proeza é, chegar ao fim com os ossos todos no sítio.
Nos trilhos, em certas alturas e, não obstante o que já aqui foi dito, vamos tendo tempo para pensar e até observar muitas coisas. Acontece quando se vai em fila indiana, sem possibilidade de ultrapassar e, por vezes , até de correr.

No Almonda há muito disso. Subidas intermináveis em "Single track" onde se vai literalmente com os olhos nos pés do atleta à nossa frente.
É quase normal identificar o artista da frente pelas sapatilhas e não pela cara e, muito menos, pelo nome.

A certa altura pensamos: - Olha-me outra vez o marmanjo das Trabuco lilazes!
Ou: - Pensava que este artolas das Raptor já se tinha ido embora!

Ou ainda, esta sim, situação real desta prova: - Este sacana das Asics ainda é pior que eu! Escorrega e tropeça em todas as pedras do caminho. Não tarda, dá um trambolhão que até faz faísca…
Bom, se o camarada caiu, não sei. Mas durante o tempo em que fui na pegada dele, cada metro era uma epopeia de escorregadelas, tropeções e afins!

Com estas e outras peripécias atinge-se o último cume da montanha e inicia-se a descida.

De novo com o sistema em alerta máximo, cada metro tem de passar pelo fluxograma de análise-processamento-decisão-acção, onde não pode haver lugar para falhas.
Por esta altura da corrida já tinha sido feita a selecção natural, espaçando os atletas ao longo do percurso, pelo que, decorriam longos períodos sem se ver ninguém.

No longo "single track" da descida do Vale Fojo, seguia sozinho tentando não cair, mas também, tentando na medida do possível manter a posição.
Ainda assim, por duas ou três vezes (ou mais, não sei...) fui ultrapassado por "cavalos de corrida" mais adaptados àquele tipo de perfil descendente.

Por fim, após o último abastecimento, apanha-se um estradão durante dois ou três quilómetros, tendencialmente a descer, que nos levou praticamente até à meta.

Paulo Oliveira, 126º da Geral: 3h 25m 15s
No final, um duche nas instalações da escola onde estava sedeada a prova e, um merecido repasto para quem optou por almoçar no local.

Pódio masculino
 
 
Pódio feminino
No campo das sugestões, apenas referir que pode haver alguma margem de evolução no que respeita às classificações, uma vez que parece ter havido uma enorme confusão neste aspecto.
 
E agora, como dizia o apresentador do TV Rural,
“Despeço-me com amizade!” e boas corridas
 (e boas férias se for o caso!)

6 comentários:

  1. Muito bom...gostei desta tua posta. Estou como tu....na estrada ainda vou fazendo uns resultados "lisonjeiros", mas ali pelos trilhos a coisa muda de figura....a mim falta a técnica, a força muscular e muitas vezes a coragem de me "amandar" especialmente nas descidas :) ...mas queres saber? Não me importa nadinha de nada :)
    Parabéns por mais esta prova!
    Grande abraço

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    1. Parece-me que a habilidade para "voar" nas descidas técnicas é inato. Ou se tem ou, não. É certo que, com treino podemos melhorar bastante, mas vejo certos indivíduos nas provas que de certeza têm o fusível do medo queimado. Só pode!
      Abraço

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  2. Parabéns Paulo! Não sei quantos atletas estavam em prova mas a julgar pelo tempo e para o percurso parece um resultado bastante lisonjeiro! Adorei a parte de identificar o artista da frente pelas sapatilhas, muito bom.
    Grande abraço e boas corridas (e férias)!

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    1. Obrigado Rui, o Almonda é uma prova bastante interessante, se ainda não conheces, fazes bem em considerar numa próxima oportunidade!
      Grande Abraço

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  3. Nem sei bem como o cérebro processa tanta informação e se abstrai ao mesmo tempo... Pelo menos é essa a impressão com que fico destas provas, como se tivesse feito yoga mental. :)
    Gostava de ter conhecido este novo percurso do Almonda, a uma luz completamente diferente este ano!
    Parabéns e boas corridas (e férias).

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  4. O Almonda deste ano foi giro, a chuva não comprometeu a diversão. Com calor já teria sido outra história. O percurso de 2014 foi semelhante ao dos anos anteriores mas em sentido inverso. Havias de ter gostado...
    Beijinho e boas férias, quando for caso disso! ( Eu ja estou com os pés de molho :) )

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