sábado, 4 de maio de 2019

Maratona da Europa - Aveiro 2019


Aveiro passou a fazer parte das cidades europeias onde se corre a maratona!
Até 2019 em Portugal continental, apenas Lisboa e Porto organizavam corridas de maratona, o que, devido à crescente prática da corrida em Portugal começava a surgir espaço para mais uma maratona, sobretudo se esta fosse desfasada no tempo das duas existentes. Como sabemos, as Maratonas de Lisboa e Porto correm-se com um mês apenas de diferença, o que, em princípio, obriga os atletas a optarem por uma das duas.
Paulo Oliveira


A cidade e a região de Aveiro parecem reunir muitas das condições necessárias a uma maratona de sucesso; é uma zona naturalmente plana, é também uma zona de média etária relativamente jovem quando comparada com a média nacional, facto que favorece a prática do desporto e atividade física. 
Paulo Amaro
Os aspetos negativos que antevejo serão os níveis de adesão exigidos para “fechar” uma cidade durante uma manhã de maratona; essa adesão depende não só dos aspetos técnicos mas também de fatores como a promoção da prova, o que no caso, não me pareceu ter sido por aí além; o fator “estar na moda” pode também não ajudar cidades como Aveiro, uma cidade tipicamente industrial e sem grandes tradições culturais ou turísticas quando comparada com Lisboa, Porto ou até mesmo com a vizinha cidade de Coimbra. 
Barco moliceiro

Outro aspeto que poderá afetar também o desempenho dos atletas é o estado do tempo, que, conjugando a estação da primavera com a região de Aveiro, pode significar ventos fortes, anulando completamente o efeito da planura do terreno.
Felizmente, nesta primeira edição acabou por correr tudo bem, começando pela organização que não falhou em temas maiores, o estado do tempo foi do melhor que se poderia ter para a ocasião, o nível de participação foi muito bom para uma primeira edição, estando ao nível de Lisboa e Porto nas edições de há meia dúzia de anos!
Neste evento coexistiram as provas da Maratona, Meia Maratona, 10 quilómetros e caminhada. O facto anunciado de se iniciarem todas à mesma hora deixava antever alguma confusão, o que felizmente não se verificou, devido à separação por zonas conforme “rapidez anunciada” dos atletas.

Em termos pessoais, tinha como objetivo as 3h30 embora não fosse “nariz de santo”!
À passagem pela Avenida Dr. Lourenço Peixinho (foto by Kabazuk)

As duas semanas anteriores foram assombradas por mais uma crise lombar, desta vez, embora não muito forte, afetou o nervo ciático; no dia da corrida já não tinha problemas de mobilidade apenas uma dorzinha pela perna direita abaixo, felizmente não impeditiva de correr.
Pouco tempo após a partida já estava no ritmo pretendido, o que por exemplo, na Maratona do Porto, ocorre apenas bastante mais tarde devido à aglomeração de atletas condicionando os primeiros dois ou três quilómetros e fazendo perder uns preciosos minutos que nunca se poderão recuperar.
O tempo estava fresco, com um nevoeiro húmido; os primeiros quilómetros correm-se na zona a nascente da linha do comboio com uma ou outra subida ligeira.
Passados esses primeiros cerca de cinco quilómetros regressamos à cidade de Aveiro, percorrendo uma zona de bares e restaurantes junto a um canal, seguindo depois para a principal avenida da cidade, a Avenida Dr. Lourenço Peixinho, até à estação dos caminhos de ferro, invertendo aí o sentido descendo novamente a mesma avenida.
A corrida toma o rumo poente, primeiro em direção a uma ínsua onde de percorrem cerca de cinco quilómetros em esquema ida e volta, e depois, rumo à Gafanha da Nazaré e ao Farol da Barra.
O apoio popular na Gafanha da Nazaré é enorme, o que sabe particularmente bem a partir dos vinte quilómetros de prova!
Até esta altura seguia com o colega de equipa, Paulo Amaro, integrados no grupo do balão das 3h15 sem qualquer dificuldade.
Cheguei mesmo a conjeturar que conseguiria fazer um tempo recorde visto que sentia bastante facilidade em acompanhar o ritmo, o que, imagine-se, estava a achar até um pouco lento!
Paulo Amaro (foto by Maratona da Europa)

Porém, a verdade é como o azeite e depois dos 25 quilómetros comecei a sentir dificuldade em manter o ritmo do grupo.
A prova dos nove, onde definitivamente perdi o comboio das 3h15 foi numa subida de uma das pontes de acesso à Praia da Barra, onde o grupo do balão manteve o ritmo como se fosse terreno plano e eu claramente tive de baixar velocidade.
A partir deste ponto, preocupei-me sim em gerir o esforço, de modo a chegar ao fim sem grandes dificuldades e sem correr grandes riscos. 
Terminei com 3h22m34 (3h22m23 chip), o meu terceiro melhor tempo na maratona!
Paulo Oliveira (foto by Kabazuk)

Como considerações finais, acho que a prova em geral, incluindo todas as distâncias, foi um sucesso, a organização fez um bom trabalho, não se tendo notado qualquer amadorismo; alguns factos menos positivos aconteceram sem dúvida, mas se compararmos com as organizações mais experientes das maratonas de Lisboa e Porto, situaram-se em níveis absolutamente normais e em minha opinião não tão graves como o que se passou no Porto no final da prova do ano passado com a demora na entrega dos sacos.
A designação de Maratona da Europa parece-me um pouco abusiva, não parecendo ter havido legitimação para Aveiro representar todo um continente! (também sejamos justos, se lhe tivessem chamado Maratona da Ásia seria bem mais estranho ☺ )
Classificação da Equipa:

Paulo Oliveira 03:22:23 (chip)

Paulo Amaro 03:26:38 (chip)

Prova a repetir sem dúvida, no momento que escrevo este relato já estou inscrito para a edição de 2020, que será no dia 26 de Abril.
Boas corridas!