quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Ultra Trilhos dos Abutres 2013


Chegou finalmente o dia 26 de Janeiro de 2013, o dia marcado para os Trilhos dos Abutres, uma das referências do Trail Running nacional.

Tinha fixado como objectivo, com o colega de corridas Paulo A.,  participar nesta prova, devendo estar para isso atentos à abertura das inscrições, pois já se sabia que com o nível de afluência de candidatos iam esgotar rapidamente as todas as versões da mesma, i.e., Ultra de 45k, Trilhos de 20k e caminhadas. Assim, logo nos primeiros dias tratámo-nos de inscrever não fosse tarde de mais. E em bom tempo foi, porque as vagas esgotaram-se  todas em tempo record!!!

Como seria de esperar de recém chegados ao mundo dos trails e cheios de entusiasmo, inscrevemo-nos no Ultra Trail, porque, ou se é Ultra, ou não se é Ultra!! E o melhor é entrar de cabeça antes de ter-mos consciência do grau de dificuldade da empreitada!! 

A zona também é muito do meu agrado, desde os tempos em que se iam ver etapas do Rally de Portugal para as serras da Lousã, Arganil, etc.

Quero apenas deixar um lamento ao fim do ramal ferroviário da Lousã, que passava por Miranda do Corvo, Lousã e termina em Serpins. Gostava imenso daquela linha e, como ferroviário há já 20 anos, tenho um genuíno desgosto quando se encerram linhas ferroviárias, sobretudo as que tinham uma enorme afluência de passageiros como este Ramal da Lousã. Não se entende…

Bom, voltando ao que agora interessa, chegámos a Miranda do Corvo cerca das 7 da manhã, a fim de tratar das formalidades, que neste caso incluíam as verificações ao material obrigatório, que além de outras coisas incluía uma luz frontal! Devia ter suspeitado de que não ia ser “pera doce”, porque para uma prova com início às 8h30 da manhã, não fazia sentido ser tão exigente com luz frontal!!
Perfil de elevação da prova

O entusiasmo era enorme e sentia-se no ar um ambiente de de festa e excitação!

Chegou então a hora da partida e, lá fomos todos à nossa corrida, que se iria prolongar por várias horas...
Partida - 8h39 da manhã

Parque Biológico da Serra da Lousã / Quinta
da Paiva
1º engarrafamento ao km 1
Os primeiros 10 kms foram relativamente calmos, permitindo apreciar a paisagem, com passagem por várias pontes de madeira, muito escorregadias, exigindo bastante atenção para não cair.

Passado pouco iniciam-se as subidas dignas desse nome, trilhos muito técnicos junto a ribeiras, com declives muito acentuados, muita lama, muita água, obrigando a uma progressão muito lenta.
Escalada difícil; uma constante ao longo da prova

Deste ponto em diante o registo será sempre o mesmo, i.e., água, lama, declives vertiginosos, escorreganços, quedas frequentes, ocasionalmente possibilidade para correr, ….


Escalada com auxílio de correntes;em outros locais estavam instaladas cordas para o mesmo efeito
O cenário é de sonho, floresta densa, cursos de água por todo o lado, cascatas, atravessamentos de ribeiras agarrados a cordas ou correntes, é necessária muita atenção aonde se põem os pés porque a mínima falha  pode originar uma queda perigosa, enfim… esta será uma constante ao longo de toda a prova.
Uma das muitas ribeiras por onde passava o trilho

Houve também estradões florestais, corta fogos a subir ou a descer, com ultra inclinações de cortar a respiração…
Tudo OK!

A organização esteve impecável em todos os aspectos, assistência, vigilância, abastecimentos, sinalização, etc., muitos parabéns!

Mais um trilho de água e lama...
Uma única ocasião me enganei num caminho, aconteceu ao km 22.6, levando atrás de mim um grupo de mais de 10 atletas ao cruzamento seguinte e, verificar que não existiam fitas em qualquer dos caminhos!

Mais do mesmo...
É normal com o acumular de cansaço, o discernimento e a concentração cairem a pique. Neste caso eu não vi as marcações, que até estavam bem visíveis e, os camaradas que me seguiam, iam de tal modo em piloto automático, apenas confiados no atleta da frente, acabando todos por, passar pelas fitas sem as ver!!!!

Finalmente no topo da montanha pela 1ª vez...
O último terço da prova já foi um pouco penoso, mas enfim, lá terminei os 47 km300m (mais do que os 45km previstos, por alterações de última hora) em 9 horas e 12 minutos após ter iniciado, e ainda com luz do dia.
Novamente na água...

O campeão Nuno Silva fez o mesmo percurso em 5 horas e 12 minutos!! (como è possível?? É preciso voar em certos sítios…).

3º abastecimento
Local do 3º abastecimento ficando para trás...
Terminaram a prova 368 atletas, tendo eu acabado em 253º lugar.

Muitos foram os que já terminaram de noite, o que não deve ter sido nada fácil.

Uma avaliação global,… prova muito dura, sobretudo devido às suas características técnicas, poderia ter sido ainda mais dura caso tivesse chovido durante o evento, paisagem deslumbrante, organização superlativa, prova não adequada a atletas com pouca preparação, sendo necessário uma boa dose de ousadia para ultrapassar os obstáculos. Pessoalmente, não arrisco por aí além, daí perder tempo em zonas muito técnicas (tradução: tenho amor ao cabedal…)
Uma das muitas cascatas que passámos
Fiquei fã, mas se voltar será provavelmente para a versão mais curta,… porque, como alguém já escreveu: "O Ultra dos Abutres não é para quem quer, é para quem pode"!!

Boas corridas!


Para a posteridade...

domingo, 20 de janeiro de 2013

Fim-de-semana de tempestade


Foi um fim-de-semana bem difícil para a corrida!

Os ventos quase ciclónicos que se fizeram sentir no litoral centro e norte, bem como um pouco por todo o país, tornavam o simples facto de sair à rua, uma aventura radical.

Para sábado, tinha combinado com o Paulo Amaro irmos à Figueira da Foz fazer um último treino para os Abutres. Logo no estacionamento do E.LeClerc, o ponto de encontro, constatámos que o vento estava a aumentar de intensidade e, de repente vemos uma grande placa de um telhado de uma lavagem-auto atravessar voando todo o estacionamento indo estatelar-se contra o restaurante MacDonalds.

Bom, pode não ser fácil passar a ideia, mas é um tipo de situações que pode “limpar o sarampo a um gajo” enquanto o diabo esfrega um olho!!

Após uma última teimosia em subir a serra, a razão falou mais alto e invertemos a marcha, decidindo fazer um percurso urbano.

Mas as coisas para esse lado também não estavam fáceis! Logo nas Abadias, que é o parque da cidade, haviam já diversas árvores caídas, algumas de grande porte e, subitamente, caiu uma a 50 metros de nós!

Ainda tentámos correr nas ruas da zona do Picadeiro, mas o vento era fortíssimo, havendo muitos objectos pelo ar, especialmente persianas das janelas, caixilhos, placas de trânsito, chapas de tapumes de obras, etc..

Acabámos por desistir e voltar à origem, totalizando menos de 10kms.

O almoço acabou por salvar a manhã, uma vez que no centro comercial aonde fomos, só havia um restaurante de sopas a servir, pelo que “marchou” uma sopa da pedra!!

No domingo, já em Leiria, levantei-me cedo, tipo 8h30, fazendo uma volta de 1h54 e 21.3km.

O panorama na cidade, não tendo sinais de destruição tão evidentes como na Figueira da Foz, ainda assim, haviam também muitas árvores caídas, um pouco por todo o lado e, para desgosto meu bem como para os utilizadores do circuito pedonal do rio Liz, haviam diversas árvores caídas junto ao rio, empobrecendo assim a paisagem…

Bom,… lamúrias à parte, espero que no próximo sábado, em Miranda do Corvo-Lousã, para os Ultra trilhos dos Abutres, o tempo já esteja melhor!

Boa semana e boas corridas!!

domingo, 6 de janeiro de 2013

Primeiro fim-de-semana de 2013


Nem parece que estamos em pleno inverno; as temperaturas estão amenas, o sol radioso e tudo convida a actividades ao ar livre.
Com a crise económica instalada, uma das actividades mais ajustadas à situação, é a corrida,…, não é necessário investimento praticamente nenhum e, se não formos daqueles “atletas sportlife”, em que se olha mais às marcas, aos géis, aos relógios sofisticados,... do que para a actividade desportiva propriamente dita, a coisa até que fica baratinha!
Este sábado fomos conhecer uns trilhos na zona da serra de Sicó, cujo ex-libris é uma falha geológica chamada Vale de Poios, que também está classificada como Estação de Biodiversidade.
Além disso, constatámos que é uma zona muito concorrida para a prática de escalada.
É um circuito muito bonito, de dificuldade média/baixa, que aconselharia a todos os amantes da natureza!
Bom ano!!



Uma subida de "fazer abrir a boca"
Um dos caminhos da fase descendente
Pormenor das meias em baixo, resultado da aplicação de Termosan, um produto espanhol para aquecimento dos músculos, que neste caso aqueceram demais!!
Os dois Ultra-Runners, numa das pausas à minha espera...